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COMO SE ATREVEM?

Já adianto, para quem quer e deseja respostas à pergunta em epígrafe, que este não é um texto de um “esquerdopata”, fascista, comunista, neoliberal, socialista, crente ou ateu. Não!

Como se atrevem? Esta indagação, mastigada devagar, tem ressoado da boca de muitos brasileiros e tem sido direcionada aos gestores públicos que, em meio ao espectro ameaçador que encurrala a humanidade, disputam poder e ideologias à base da manipulação de dados e pesquisas, anelantes por usufruírem os despojos desta guerra de Pirro.

Com se atrevem, principalmente as autoridades sanitárias do país, que, além de não oferecerem opções ao povo, aterrorizam-no nas macabras coletivas concedidas diuturnamente? Por trás de cada “se”, habita uma consequência trágica que tem devastado os lares e disseminado a discórdia: se todos saírem do isolamento, morrerão de covid; se todos ficarem em casa, morrerão de fome; se forem ao hospital, não serão atendidos ou, pior, voltarão para casa mais doentes do que quando foram; se não forem, morrerão em suas casas ou nas ruas.

Não há outras opções na pauta do dia. Ou você pertence ao grupo dos que defendem a vida ou ao grupo dos que defendem o emprego e a renda, como se ambas fossem inconciliáveis, como se a ausência de qualquer uma também não carreasse dor e sofrimento para as famílias desesperadas que lutam por comida ou leitos de UTIs.

Dias Gomes, o mestre do realismo fantástico, deve ser o autor desta novela protagonizada pelo Governo Federal, cujo chefe considera a pandemia uma gripezinha; comemora 10 mil mortes com churrasco anunciado (e negado, logo em seguida); onde ministros são exonerados porque inflaram o ego ou o saco e ganharam os céus, como “Dona Redonda”, de Saramandaia; onde especialistas médicos sabem menos do que o “papa presidente” e pedem para sair; onde a importância do remédio a ser utilizado no combate à doença se torna mais relevante do que uma vida salva.

E tudo isso ocorrendo, enquanto respiradores são comprados por milhões, recursos são desviados descaradamente e o circo pega fogo na Polícia Federal, que, violentada, busca manter sua dignidade, apesar das interferências.

Do outro lado do muro que divide o país, a pantomima prossegue em sua sede insaciável na contabilização de mortes igualmente trágicas, seja por atropelamentos ou por assassinatos, todas colocadas na conta do covid, produzindo uma jabuticaba tipicamente brasileira: a hiper-notificação.

Verdadeiros “Odoricos Paraguaçus”  importam suspeitos da doença inominada para seus municípios, em busca de calamidade e, não, de felicidade, a não ser a deles próprios ante a contratação livre e ilicitada de tudo o que o dinheiro “da viúva” possa comprar.

Como se atrevem a dar sinais de que farão chorar “Marias e Clarices”, no solo do Brasil? Como se atrevem a pensar que estão acima da Constituição e da moral dos homens? Como se atrevem a apoiar grupos que atingem as instituições democráticas erigidas às custas de tanto sacrifício humano?

Saibam, estes que desafiam a bondade e tolerância do brasileiro, que esta nação tem amadurecido  rapidamente. Em breve, e pela via democrática e republicana, não haverá mais coronéis com apriscos, crimes com impunidades ou perguntas sem respostas.

E, quando isso ocorrer, o Brasil ocupará o lugar que merece dentre as nações do mundo, plantando a paz, a solidariedade e o alimento do corpo e da alma para todos os povos.

Não se cala a boca de um povo que possui esse destino.

Por Kennedy Diógenes

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